"I'm a drag queen" - Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo! Julie Newmar


À primeira "assistida", Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo! Julie Newmar é apenas mais um filme de comédia de temática gay, especificamente sobre drag queens.

Noxeema Jackson se "montando"
Entretanto, o que menos se vê é "afetação". E a cena inicial deixa isso bem claro. Ao som de "I am the body beatiful" do trio feminino de hip hop Salt-N-Pepa, o espectador é apresentado a dois dos três personagens principais: Vida Boheme (Patrick Swayze, muso em Ghost e Dirty Dancing) e Noxeema Jackson (Wesley Snipes, ícone dos filmes de ação). Ambos se preparam (ou se montam, como preferirem) para o Concurso de Drag Queens da cidade de Nova Iorque.

Chi-Chi Rodriguez, Noxeema Jackson e Vida Boheme
O que merece ser destacado é que tanto Vida quanto Noxeema são mostradas antes de colocarem  figurino. Exibem corpos completamente masculinos, musculosos que, aos poucos, vão ganhando feições femininas através da indumentária. E esse é o primeiro estranhamento, já que mesmo "montadas" ainda são homens. A diretora Beeban Kidron quis evidenciar que mesmo sendo gays ainda assim são do sexo masculino e  não desejam serem mulheres.Posteriormente o público é apresentado a Chi-Chi Rodriguez (o fantástico John Leguizamo), a drag queen latina, desajeitada, sem compostura e totalmente afetada. A verdadeira "terceira mundista".

Vida Boheme (ao fundo, a foto de Julie Newmar)
A trama começa a se delinear a partir do resultado do concurso em que Vida Boheme e Noxeema Jackson sagram-se vencedoras e ganham passagens para Los Angeles, onde será realizado o concurso nacional de drag's. Vida se sensibiliza ao ver a tristeza de Chi-Chi e decide levá-la junto para a "La La Land". Mas antes pretende transformá-la.

A partir desse momento, Para Wong Foo torna-se um road movie. Um cadillac, uma caucasiana, uma negra, uma latina e a estrada. Todos os estereótipos americanos numa só cena. E cada uma com sua peculiaridade. Claro, não poderia faltar o típico racista e homofóbico caipira (ou local, em inglês), o xerife Dollard (Chris Penn), que tem uma enorme "surpresa" ao tentar atacar Vida Boheme.

A película toma um novo rumo quando as três chegam na pequena Snydersville após o carro quebrar. O local é exatamete uma cidade fantasma. A população parece reduzida a uma dúzia de pessoas e a poeira dita o clima.

A chegada de Vida, Noxeema e Chi-Chi mudam completamente o local e seus moradores. Se inicialmente causam um enorme estranhamento, aos poucos conquistam cada um ao mostrarem que antes de serem homens vestidos de mulher são seres humanos com muita coisa para ensinar.

O destaque vale para a cena da dama de vermelho e a conversa entre Dollard e um habitante:

Dollard: Quando os patronos escreveram a Declaração de Independência e a Constituição, "Liberdade e Justiça para Todos", ele não quis dizer isso.
Caipira: Posso lhe dizer uma coisa sobre os tais patronos da América.
Dollard: O quê?
Caipira: Eles usavam perucas fabulosas.
Sheriff Dollard

Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo! Julie Newmar nem parece ter 99 minutos. O tempo passa e o espectador não se cansa. Ao contrário, ele se encanta!

Curiosidades:

  • O título do filme vem de uma fotografia autografada por Julie Newmar que o roteirista viu em um restaurante de Nova Iorque. E quem assistir ao filme terá uma surpresa no final.
  • Julie Newmar é considerada a mais bela mulher-gato, papel que interpretou para a série de TV Batman, dos anos 60.


  •  Mel Gibson e Gary Oldman foram cotados para fazerem parte do elenco.
  • Segundo os protagonistas, todos os figurinos, perucas e maquiagens foram queimados após a realização do filme.
Cult por quê?

Para Wong Foo, Obrigada Por Tudo! Julie Newmar é cult justamente por não ser somente um filme sobre drag queens. Elas são personagens dotadas de mais senso humano do que todos os outros "normais" do filme.
É cult por mostrar que ser gay não quer dizer deixar de ser homem (nesse caso). Mesmo sendo afeminados, os protagonistas em nenhum momento desejam tornar-se mulheres. São homens, que se vestem como mulheres, gostam de homens mas, acima de tudo, possuem valores, seguem regras, se emocionam, riem e se entristecem como qualquer ser humano. E são os três "trangressores" que mostram aos "normais" como deve ser viver e agir de acordo com os valores morais e sexuais.
Também por mostrar que os estereótipos americanos não são exclusividade do mundo hétero. O latino, exagerado, o negro com seus trejeitos e o branco polido estão presentes e servem como reflexão do que se passa no mundo extra-filme.

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